quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Meu pastor é candidato e dai!

Estamos mais uma vez, em ano de eleição, e, como música ruim repetida, as igrejas evangélicas nesses últimos 20 anos vêm sem vigilância dando espaço e fechando alianças com a política governamental, fato em todo território nacional, com a justificativa de que é necessário para defender os interesses ideológicos de “uma” igreja e do “povo”.

Seria essa a forma mais coerente para a igreja interagir no seu papel de cidadania?

Qualquer cidadão dentro do que determina a lei é apto a ser candidato e, quem se candidata exerce um direito que lhe assiste, para tanto qualquer cidadão brasileiro pode ser candidato, seja esse pobre, rico, negro, branco, evangélico, católico, espirita, budista, e outros. Logo, qualquer membro de uma igreja pode ser candidato, inclusive o líder, o pastor.

Outro ponto, nenhum candidato brasileiro é eleito para servir a uma organização exclusiva, ele pode até defender uma ideologia partidária, mas o interesse comum é o alvo “o povo” (embora isso não funcione). Onde fica o modelo ético e a moral dentro desse aspecto em um estado laico?

A missão da igreja (embora organização enquanto está na terra) é diferente da missão da política governamental. Qualquer cidadão, independente de bandeira e / ou função em uma igreja, tem o direito de ser candidato, inclusive pastores (porém não é recomendável), mas a igreja como organização não tem o direito de manipular seus membros para favorecer a torpe ganância de alguns com a justificativa de que os tais representarão o interesse comum dessa comunidade. Esse tipo de manipulação fere a constituição federal, o direito a escolha e o livre pensamento.

A igreja como agente influenciador, pode orientar os membros quanto ao voto consciente, sábio e que produzirá resultados benéficos a sociedade e a própria organização, mas não vejo como algo sadio utilizar o poder que possui para pôr cabresto no povo, favorecendo e contribuindo para algo que poderá manchar a história da igreja, produzindo efeitos danosos a médio e longo prazo.


É lamentável mas, o histórico político do Brasil é vergonhoso! Ponham numa balança o peso que a atitude de algumas igrejas que estão fechando aliança com partidos políticos e com candidatos produzirá! Peso de mentira, de roubo e de injustiça.

Outro ponto crítico, “o pastor ser candidato”. Não vejo imoralidade em um pastor ser político, mas enxergo imoralidade em um político “brasileiro” ser pastor. Entendam esse trocadilho! Em tudo há política, mas os focos dessas duas missões são diferentes e geralmente opostos, uma tem como alvo o Reino dos Céus e a outra o reino da terra.

Ambas devem ser modelo de liderança, serviço e abnegação. O objetivo de ambas é servir com justiça, ética e moral. Mas a quem atribuir status de ético, os dois lados têm por obrigação o ser ético. Mas, onde?! Ultimamente temos sentido tal virtude? O que motiva um pastor a ambicionar uma posição política? Será esse honesto em suas atitudes e decisões? Como conciliar as atribuições e responsabilidade com a igreja e a sociedade?


Coloquei-me a meditar em Atos dos Apóstolos 6.2. Onde está escrito: Por isso os Doze reuniram todos os discípulos e disseram: Não é certo negligenciarmos o ministério da palavra de Deus, a fim de servir às mesas.

O que é mais nobre para um pastor? Servir a mesas de viúvas necessitadas ou ser Candidato? Se servir os necessitados da própria congregação requeria tempo e poderia atrapalhar a dedicação da Santa Palavra e a Oração, imaginemos ser candidato! Cada um faça seu próprio comentário.

O número de candidatos “abertamente evangélicos” na disputa eleitoral cresceu 45% em quatro anos no Brasil dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral, foi visto ainda pela pesquisa do Broadcast Politico que esses candidatos aparecem na urna eletrônica com os nomes de Pastor, Bispo e Missionário. (http://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,candidatos-evangelicos-crescem-45-entre-eleicoes-de-2010-e-2014,1536964)

Infelizmente, a política no Brasil está maculada em sua essência; um pastor por mais ético e representativo que seja, quando adere a uma posição partidária política e podendo concorrer a uma posição, não será mais visto como homem honesto, ético e moral. Política no Brasil é sinônimo de mentira, roubo, luxúria, falácia e opressão. Onde isso se adequa a imagem de um pastor?

Mas, cada um é livre para ser e fazer o que bem entender.

Por esses dias um renomado pastor do estado de alagoas lançou uma enquete (lógico, apenas por brincadeira) sobre a posição das pessoas quanto a ele ser candidato, não tratarei aqui o resultado e as opiniões. Como tal discussão foi exposta por um pastor, lancei minha opinião como ovelha:

Pouquíssimos são os ministérios (igrejas- organização), sejam, no Brasil ou no Estado de Alagoas, com autoridade exemplar no âmbito de crítica política, as formas como os laços com a política estão sendo construída infelizmente expõe as igrejas ao crivo da desconfiança paradoxalmente à ética e a moral.

Não estou com isso acusando ou julgando a liderança, pois sabemos que se trata de homens éticos e na moral são exemplo, mas o quanto alguns ministérios (igrejas) não estão conseguindo exercer o seu papel de cidadania sem se contaminar, porém tem caído nas armadilhas da ganância, atraídos por favores e posições que poderá manchar anos de história, construída com honestidade, oração, pregação do evangelho e fé no Deus Onipotente.

Esse texto tem como objetivo provocar uma reflexão aos líderes religiosos de nossa nação, para que não se esqueçam da missão para qual foram escritos e convocados, pois quando vejo uma igreja se rebaixando à lama da política, entendo que a mesma deixou de ser igreja, no aspecto visão, missão e valores.

Aos senhores e senhoras que se dizem Cristãos Evangélicos e que são candidatos, pelo amor de Deus zelem pelo Maravilhoso Nome de Cristo Jesus e se eleitos sirvam ao povo com honra e ética.


Adaias Marcos Ramos da Silva.

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