Por: Adaias Marcos Ramos da Silva
“1 Coríntios 11.1 - Sede meus
imitadores, como também eu sou de Cristo.”
Esse texto Bíblico leva-nos a um
desafio para os nossos dias, e, diante desse texto, quem tem a ousadia de
afirmar como o apostolo Paulo? “Sede meus imitadores como sou de Cristo”, ou
seja, quem pode dizer que é modelo para alguém tendo como padrão os passos e
o caráter de Cristo.
Creio que esta é uma pergunta densa
para a Igreja de Cristo Jesus!
É óbvio que Paulo quando disse isto em “I Coríntios 11.1”, não
estava dizendo que ele era perfeito como Jesus, mas que ele se esforçava para
ter mais de Deus em sua vida do que os pecados, mesmo em alguns momentos
fazendo o que não gostaria de fazer, ou seja, se esforçava (abnegava) para viver
os padrões Bíblicos dando menos vazão ao reinado do pecado em sua vida.
Há pessoas que precisam entender
que ser parte do povo de Deus, exige também uma conduta de vida a seguir.
Paulo foi salvo por Cristo e DELE
se tornou “imitador”, palavra cujo sentido original refere-se ao compromisso de
ser discípulo. Todo aquele que vive segundo o exemplo supremo de Cristo deve
ser, igualmente seguido, vejamos o texto de 1 Pedro 2.21 “Porquanto para isto
mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar,
deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos”.
Para descrever um pensamento
sobre esse assunto, é necessário entendermos que Cristo em todos os seus
sentimentos e ações mostrou que seu caráter era igual ao do seu Pai.
Caráter é a maneira de
ser de uma pessoa que é avaliado pela sua conduta. É a soma de suas qualidades
e defeitos morais integrados na sua personalidade. “CARÁTER” é uma palavra
grega que aparece no Novo Testamento uma única vez, em Hebreus 1.3 e está
traduzida por “imagem” (Edição Revista e Corrigida). Cristo é a “mesma imagem
de sua essência”, quer dizer que tem o caráter idêntico do Pai.
Conduta é a maneira
habitual de comportar-se, a maneira de viver. A conduta de uma pessoa manifesta
o seu caráter. A meta do Cristão é ser como Jesus, quer dizer, ter caráter de
Cristo. Isto é uma síntese do que devemos chegar a ser, por isso nossa conduta
deve ser como a Sua. “Aquele que diz que permanece Nele, esse deve também andar
assim como Ele andou” (1º Jo 2:6). A análise desta definição consiste em
descrever todas as qualidades morais de Cristo revelados nas Escrituras, as
quais são o projeto total do que Deus quer formar em cada um de seus filhos.
É importante observar que Cristo
nos deu o Exemplo e Ele mesmo declarou: Porque eu vos dei o exemplo,
para que, como eu vos fiz, façais vós também. (Jo 13.15). A Bíblia afirma que o
Senhor Jesus Cristo despiu-se de sua glória e revestiu-se de toda natureza
humana (Jo 1.14; Fp 2.5-8; Hb 4.15), mas sem pecado. Como homem, o Mestre foi
irrepreensível (Jo 8.46; 18.38; Hb 4.15). Era submisso, manso, humilde,
amoroso, entre outras qualidades (Mt 11.29; Jo 15.9; Fp 2.8).
Seu caráter é o padrão que todos os crentes devem seguir.
Está no sermão da montanha, nas
bem-aventuranças. O sermão da montanha é a primeira instrução a viva voz e em
seguida a primeira parte escrita do evangelho. O verbo aqui é “SER” (os que são
humildes, os que são mansos). Bem aventurados, felizes, ditosos, afortunados. A
felicidade não é um objetivo é sim uma consequência, é a consequência de ser
como Deus quer e fazer Sua vontade. Justamente “Caráter” é aquilo que somos e o
que determina nossa conduta. Jesus indica as oito qualidades de caráter que
deve distinguir a seus discípulos. Na realidade estas bem-aventuranças são a
descrição das virtudes do caráter de Jesus e o que Deus quer formar em nós.
Qualidades de caráter que um crente deve desenvolver
“Os humildes”; “os pobre de
espírito” A humildade é a primeira qualidade inerente à condição humana. O
oposto é o orgulho a soberba, a arrogância, a auto-suficiência, etc. A
humildade é um aspecto do caráter imprescindível a todos os crentes (Ef 4.1,2;
Cl 3.12), pois os humildes sempre alcança o favor do Senhor (Tg 4.6). Jesus foi
modesto em toda a sua maneira de viver (Mt 11.29). Ele demonstrou sua humildade
ao despojar-se de sua glória (Fp 2.6,7); na irrestrita obediência à vontade do
Pai (Jo 5.30; 6.39; Fp 2.8); quando lavou os pés dos discípulos (Jo 13.3-5); e
ao relacionar-se com todas as pessoas, independentemente de sua raça ou posição
social (Mt 9.11; 11.19; Jo 3.1-5; 4.1-30).
“Os que choram”. Não são os que
choram por raiva ou auto compaixão, e sim aqueles que ao conhecer-se diante de
Deus se quebrantam por sua condição, pecado e miséria e mudam de atitude, se
humilham. Também choram diante do amor e da graça de Deus. Alem disso,
sensibilizados pelo amor de Deus, choram com os que choram, com os que sofrem,
pelos perdidos. Eles serão consolados.
“Os mansos” obedecem com boa
disposição são submissos, pacientes, tem domínio próprio. O contrario à
mansidão é a rebeldia, que leve à violência, briga, gritos, insolência, queixa,
impaciência, etc. É uma virtude que se opõe à rudez. Nosso Senhor Jesus Cristo
sempre foi Manso e Humilde de Coração (2Co 10.1; Mt 11.29).
“Os que têm fome e sede de
justiça”. Não são os que exigem que se lhes faça a justiça, e sim aqueles que
têm como o maior desejo em suas vidas o de serem justos, santos, retos,
honrados, de boas obras. Em um mundo perverso (At 2.40), onde as pessoas estão
mais preocupadas em acumular riquezas (2Tm 3.2) do que socorrer ao aflito e
necessitado, o verdadeiro crente deve refletir o caráter de Cristo através de
uma vida de santidade e retidão (Mt 6.25,31,34). O Senhor Jesus ordenou aos
seus discípulos que priorizassem, acima de todas as coisas, o Reino de Deus e a
sua justiça (Mt 6.3).
“Os misericordiosos”. Significa
ter coração para aqueles que estão na miséria. A miséria tem duas expressões
principais: Amabilidade para com todos, ajuda e generosidade com o que sofre.
Lembremos, pois, que a misericórdia é um mandamento divino, e que a Bíblia
condena a indiferença para com os pobres (Lc 6.36; Mt 12.7). É a compaixão pela
necessidade alheia. Jesus foi misericordioso com os homens em suas fraquezas e
privações (Mc 5.19; Hb 2.17; Tg 5.11; 2Co 1.3; Mt 15.22; 17.15). Sejamos
misericordiosos assim como Jesus nos ensinou na Parábola do Samaritano (Lc
10.37).
- Pureza de coração (Mt 5.8)
“Os limpos de coração” Significa
sinceridade, transparência boa consciência, desejos puros, intenções corretas,
motivações santas, sem engano nem mentira sem hipocrisia. Eles verão a Deus.
Nas Escrituras, o coração representa a personalidade, o centro das emoções
humanas (Sl 15.2; 16.9; 51.10; Mc 7.21-23). Por isso, a Bíblia afirma que o
Senhor perscruta os corações e conhece o interior de cada pessoa (Sl 139.23; Pv
21.2; Ap 2.23). Quando Cristo repreendeu os fariseus, mostrou-lhes como a
pureza interior era necessária. Ele os acusou de serem semelhantes aos
“sepulcros caiados” (Mt 23.27). O Senhor, que conhece os nossos pensamentos (Fp
4.8) e as motivações de nossas ações cotidianas (1Co 4.5), manifestará em seu
santo e justo julgamento cada uma de nossas ações (R 2.1-7; 1Co 3.12-15).
“Os pacificadores”, perdoam,
renunciam seus direitos, cedem, não brigam, preferem perder, tem resposta
branda. Também pacificam a outros que estão com inimizades, são instrumentos de
reconciliação. Fomos conclamados a seguir a paz e, na medida do possível, ter
paz com todos os homens (Rm 12.18; 1Co 7.15; Hb 12.14; 1Pe 3.11).
- Alegria no sofrimento injusto (Mt 5.10-12)
“Os que sofrem perseguições por
causa da justiça” São os que diante do sofrimento, a perseguição e a calúnia,
ao invés de deprimir-se, se alegram e se regozijam.
Nós precisamos produzir tais virtudes e somente através
do espaço que damos ao Santo Espírito Santo conseguiremos produzir: Gálatas
5.22-23: Amor, gozo, paz, paciência, benignidade, bondade, fé, mansidão,
temperança. A função do Espírito Santo é produzir em nós as qualidades morais
de Cristo a fim de tornar-nos como Ele. Através da regeneração (novo homem) passaremos a exercer novos
hábitos: Cl 3:10-15: Misericórdia, benignidade, humildade, mansidão, paciência,
o suportar, o perdoar, amor, paz. “Nossa esperança e fé”. “Estou plenamente
certo de que aquele que começou a boa obra em nos há de completá-la até ao dia
de Cristo Jesus” (Fp 1.6)
As palavras, os atos, enfim, a
pessoa de Jesus é o modelo ideal de conduta para a identidade do crente. O
discípulo de Cristo deve revestir-se das qualidades santas e justas de seu
Mestre (Ef 4.24), com a intenção de cumprir o propósito de Deus.
O principal fator na formação do
caráter é ter um modelo, Jesus varão perfeito é o grande modelo que o Pai nos
apresenta. Devemos conhecê-lo mediante testemunho conjunto da Palavra e do
Espírito. Efésios 4.13, sugere que um dos fatores principais para se chegar à
estatura de Cristo é conhecê-lo.
Algumas das qualidades que se
sobressaem do caráter de Jesus que revelam os relatos dos evangelhos:
- Sua mansidão e humildade
- Seu amor e compaixão
- Sua pureza e santidade
- Seu valor e autoridade
- Sua misericórdia e graça
- Sua sabedoria.
- Na sua paixão e morte se revelam,
até com maior excelência, as virtudes de caráter que havia manifestado em sua
vida e ministério.
Como observado o apóstolo Paulo
foi salvo por Cristo e DELE se tornou “imitador”, palavra cujo sentido original
refere-se ao compromisso de ser discípulo. Logo ser discípulo é imitar o
mestre, concluo com o seguinte pensamento: Somos mesmo discípulos de Cristo;
Seguimos mesmo os seus passos? Produzimos mesmo o Fruto do Espirito? Poderíamos
afirmar como Paulo ao nosso semelhante?
Vejo que “eu” necessito aprender
a ser discípulo, pois me vejo longe dos padrões ensinado por Jesus Cristo a
começar pelo amor. Quem pode responder diferente!